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Amizades que valem zero

amor

12 Set

Há pessoas que valem zero na nossa vida. Pode ser uma, duas, cinco, dez. Não interessa. Ninguém dita quantas são. É a vida que decide quantas pessoas zero nos dá. São pessoas que valem zero. Pode ser a nossa mãe, o nosso irmão, o nosso pai ou os três. Pode ser a nossa melhor amiga ou o nosso companheiro de viagens. Também pode ser o nosso grupo de infância, aquele amigo que está longe ou uma mão cheia de amigos perto. Pode ser a pessoa que escolhemos para o resto da nossa vida. Um zero. Há pessoas que realmente valem zero.

São pessoas que amamos. Amamos com a força das entranhas do nosso ser. Aquele amar profundo que muitas vezes disfarçamos com alguma leveza, com um ar ligeiríssimo muitas vezes ridículo. Uns sabem que os amamos assim, outros têm dúvidas. Nem sempre lhes mostramos o quanto os amamos ou o quanto lhes queremos bem. Mas mais do que lhes querer bem é exigir-lhes estar bem. Aos zeros – ou ao zero – nós exigimos as atitudes certas. Queremos que sejam e façam tudo bem. Mais do que qualquer outra pessoa. Os zeros têm de ser os melhores. Em tudo. Em todas as áreas. Os zeros têm de pensar mais rápido do que todos nós, mais sabiamente. Devem ser simpáticos, tolerantes e fazer sempre a coisa certa. A nossa coisa certa. Não a deles. Aos zeros nós não admitimos erros, mas jamais vamos admitir isso. Queremos sentir-lhes a garra da vida, mesmo nos Domingos das nossas semanas, aqueles dias em que é suposto bebermos chá sem horário, dormirmos sem regras e andarmos de pijama. Se assim o quisermos. Mas os zeros não. Os zeros têm de dizer a palavra certa, no momento indicado, à pessoa certa. Quando estrangulados os zeros manifestam-se contra nós. Exigem liberdade e demonstram sinais de frustração. Em casos mais graves chega mesmo a ser exaustão. Nós cansamos os zeros. Quando confrontados com isso, defendemos que só queremos o bem dos zeros. Para que eles sejam grandes, enormes, os melhores zeros do mundo.

São eles que têm a importância mais cavada na nossa essência. Os zeros estão na nossa vida para nos ensinar a amar, para nos lembrar que essa perfeição exigida ao ser humano só mora nas quatro paredes do nosso cérebro. Que não existe no mundo lá fora, o único em que a nossa atenção deve estar centrada. Não existe aos olhos do outro, que vê a perfeição da forma que ele quiser. Porque tem liberdade para isso.

Os zeros ensinam-nos a esperar zero, a criar zero expectativas no outro. Porque a beleza do outro está no inesperado, na liberdade de ser, sem justificações. Os zeros ensinam-nos a amar, só por amar, sem exigências, sem pedidos. Desconstroem-nos por dentro. Fazem-nos pensar, explorar o que de pior temos. Exigir. Pedir mais. Querer sempre mais. Deixam-nos aos pedaços para que os possamos analisar. Cada um deles. Os zeros funcionam como espelhos, mostrando-nos aquilo que não queremos ver em nós. Depois, ajudam-nos a arrumar a casa, a limpar a alma e a esperar zero. A esperar zero do outro e a ser feliz assim. Sem exigências. Só por amar. Só por ser.

1 Comment

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Comments

  1. Ramiro says

    Outubro 2, 2018 at 3:34 pm

    O que dizer/escrever quando o sentimento fala mais do que qualquer palavra?
    Um enorme bem haja a ti “Pips” 🙂
    Um beijo com uma saudade tremenda.
    Obrigado!

    Responder

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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[ ✨ Amar as perguntas. Amar as respostas. Amar a [ ✨ Amar as perguntas. Amar as respostas. Amar a vida. E a certeza de não sermos eternos. 

Amar a saudade. Amar a luta e a vitória. Amar. Amar este e aquele. 

Amar as experiências. Amar o ódio. Amar o hoje e o ontem. Amor o amor. Amar a possibilidade de amar. 

A resposta será sempre amor. Em todas as suas formas e feitios, cheiros e sabores. Em toda a sua essência. Amor e amar. ✨] 

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[ ✨ Continuo a impressionar-me com o ser humano. [ ✨ Continuo a impressionar-me com o ser humano. É uma máquina de surpresas e coisas inesperadas tantas vezes injustificáveis ao olhar dos mortais. Estou cada vez mais certa de que somos capazes de tudo, mesmo o que achamos ser impossível. 

Dizia-me um médico, que mais do que isso meu amigo é, que “está cientificamente provado que o impossível não existe”. Um bocadinho influenciada pela admiração que lhe sinto, amei a ideia. 

A experiência dos 21 dias continua muito presente no meu pensamento. Muitas vezes de forma involuntária e quase inconsciente. Não procuro pensar sobre o que foi, o que mudou, se é que mudou alguma coisa. Não procuro sequer atribuir-lhe um sentido, nem um valor que a sociedade diz que não deve ter. É o que é, para cada um de nós. 

No entanto não posso deixar de notar nesta capacidade que temos de tornar tudo muito “normal” quando passa a ser a nossa realidade. O ser humano é de hábitos e até a montanha mais difícil de escalar, nós, os humanos, desde que lá, a tornamos a nossa habitual e tranquila realidade. Somos elásticos e adaptamo-nos de forma impressionante. 

O isolamento tornou-se um hábito e, por isso, a minha realidade. No entanto, só o soube já “cá fora”, quando confrontada com o número de pessoas na rua, o barulho dos autocarros, a falta de tempo para mergulhar na minha própria rotina, suspensa algures no tempo. Uma exigência de todos e de mim mesma naquilo que seria o meu normal.

Desse lado muitos de vocês quiseram saber como foi regressar. “A que é que sabe a liberdade?”, alguém perguntou. 

A liberdade soube-me a azedo. Foi confusa, faltou-me tempo para respirar e dei por mim a roçar uma espécie de síndrome de Estocolmo com o isolamento. Foi confuso e o meu corpo fazia-o notar.

Acordava sem noções de que horas seriam, o apetite raramente existia e quando surgia tinha horas muito esquisitas para o fazer. 

Acordava às 3 da madrugada com fome e uma hora depois, mesmo de estômago cheio, estava esfomeada. 

Esquecia-me de tomar o pequeno-almoço e nunca me lembrei de jantar. Às 09 da manhã sentia-me cansada como se fossem 22horas e às 22h estava a dormir desde as 19h.

(Cont. 👇🏻)
[ Quando era mais nova gostava de me trancar na sa [ Quando era mais nova gostava de me trancar na sala. Colocava a música bem alta, afastava os sofás e criava a minha pista de dança. Aproveitava quando ninguém estava em casa. 

Ria. Ria muito com os meus passos de dança, com os pulos e dava por mim a gargalhar até cair no chão de exaustão.

Sem ouvir a porta de entrada a abrir, foram algumas as vezes que fui apanhada pela minha mãe que sorria perante o espetáculo. Quando eram os meus irmãos a apanhar-me, não me livrava de uma semana de chacota, risinhos e apontar de dedos. 

Nunca percebi porque é que a dança do outro era motivo de zombaria, mas percebi cedo que dançamos todos de formas muito diferentes.

Ontem, sozinha em casa, liguei o sistema de som mais alto do que o costume e senti-me a viajar no tempo. Lembrei-me aos pulos, de olhos fechados e a gargalhar com a música, com a dança. 

Voltei a mim e senti-me presa a um corpo cheio de pudor. Cheio de rótulos, ideias sociais e definições de ridículos. Tive pena de nós. 

Daqueles que levam a vida demasiado a sério. Daqueles que se deixam levar por normas criadas por outros. 

Daqueles que limitam a sua própria felicidade e, até, a sua forma de se expressar. 

Que me interesse se o outro não gosta, ou não acha bem, se dançar me faz tão feliz?

Pensei em todos nós, humanos. Que aprisionamos vontades e desejos. Que nos deixamos tornar tão adultos que, vejam só, já não dançamos. 

E invejei os “ridículos”, os que dançam até cair a gargalhar. Os que pulam, pulam tão alto que quase voam. 

Invejei os que fecham os olhos, sentem os pés a sair do chão e o corpo a tornar-se cada vez mais leve. 

Invejei os que deixam que a alma dance. A sua própria dança, com os seus próprios movimentos. 

Invejei os que não deixam a inocência infantil morrer e quis muito dançar. Dançar até me faltarem as forças. Dançar, escrever, cantar, ler, correr, cozinhar, pintar, jogar... qualquer coisa que realmente me faça feliz. 

Quis despir-me de preconceitos e ser! Ser tudo aquilo que quero ser, sem me importar que os meus irmãos voltassem a entrar na sala, sem me importar com os olhos alheios, opiniões e dedos apontados. Existir sem me importar. Ser feliz sem me preocupar.

(Continua 👇)
[ ✨ Colocamos muitas vezes nas mãos do outro a [ ✨ Colocamos muitas vezes nas mãos do outro a tarefa de nos amar. Queremos que nos ame, que nos ame com alma, que nos garanta o seu amor. Que o prove. Que não haja qualquer dúvida. Em jeito de retribuição, por todo o amor que também lhe sentimos. 

Queremos receber no mesmo peso e medida, e se for um bocadinho mais, ainda melhor. 

A felicidade, para nós, os distraídos, vive nesse pedacinho da vida, nesse amor que o outro tem para nos dar. No sentir. E se, por desastre, ele nos falta, ficamos desolados, destruídos, magoados. 

Vamos aprendendo que não há amor que dure quando ele não vem de dentro, quando as suas bases não foram construídas de dentro para fora. Dentro de nós. 

Não há amor que seja suficiente quando colocamos aos ombros do outro a responsabilidade de nos fazer sentir amados. 

Não há amor que dure quando esse amor não começa na revolução de sermos quem queremos, livres. E de nos gostarmos assim, completos. 

Não há amor que dure quando os nossos olhos não conseguem enxergar beleza em nós. Naquilo que somos. Naquilo que fazemos. No que já construímos. 

Não há amor que dure quando em nós atribuímos todas as culpas das falhas que somos, dos erros que  cometemos. Não há amor quando não nos permitimos a compaixão. O nosso perdão. 

Não há amor que dure quando não somos capazes de nos amar. Para assim, e só depois, amar o outro. 

Aquele que se ama, ama o mundo. Ama desmesuradamente. Ama profundamente porque sabe que em si só há uma coisa: amor. 

Hoje, e tão hoje, começa de ti para o outro. Ama tudo o que és, tudo o que conseguiste, a tua gargalhada e as tuas lágrimas. 

Ama a tua força e a tua tontice. Ama as tuas fraquezas. Ama a tua capacidade de no meio de caos ser serenidade. Ama também quando és o caos. 

Começa por aí e saberes que a melhor fonte de amor está em ti. ♥️] 

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