Não é segredo a minha a paixão pelo país da moda e da pasta. Itália. O italiano é música para os meus ouvidos, a gastronomia ocupa lugar de destaque nas minhas preferências gastronómicas e a beleza d@s italian@s fascina-me. Não sei o que é viver em Itália, e não escondo que viver num país pode destruir-nos o encanto enquanto o olhávamos apenas como turistas.
Sempre que posso visito Itália. Repito cidades ou vou em busca de novos lugares. Quem me conhece sabe que pretendo acabar os meus dias por lá, entre vinhas e campos carregados de flores, entre um farto copo de vinho tinto, quente e carregado e um chá de ervas acabadas de colher pela manhã. Pela casa tropeçaremos em livros e visitas. Mas disso falaremos mais tarde, daqui a uns anos.
Já nos aconteceu a todos sentirmos um conforto de lar num lugar por nós desconhecido. Há também quem tenha muita vontade de visitar uma cidade ou um país e não saiba justificar esse desejo de ir. Comigo aconteceu-me com Florença. Sempre tive particular curiosidade e interesse em visitar a cidade, mas não sabia porquê. Queria ir, mais do que a Veneza, Roma ou Milão. Ao chegar senti-me em plena sintonia com o chão, com as pessoas, com a cidade, com a logística das ruas, com a arte, os cheiros. Sentia os meus pés a ganharem raízes a cada passo que dava. Os outros não me olhavam como turista, porque eu não me sentia como tal. Estava em casa.
Florença é uma cidade quente. Quente na temperatura, quente nas cores. É misteriosa e um livro aberto a quem a quiser ler. Transpira arte, cultura, história. E apreciadora de História como sou, não foi difícil ficar perdida durante horas nos cantos da cidade.
Confesso que tenho alguma dificuldade em passar muitas horas em museus. Para meu próprio desgosto. Há peças que quero ver, momentos que quero absorver, mas estou demasiado habituada (e agarrada) aos livros e às pessoas. Gosto de ouvir histórias e que falem sobre História. Enquanto os meus amigos se perdiam nos corredores imensos da mão cheia de museus presentes em Florença, eu sentava-me em bancos públicos e metia conversa com tudo e todos.

Vista noctura da Piazzale Michelangelo
Durante mais de 40 minutos perdi-me na conversa com o John, um inglês que pretendia viajar pela Europa durante 6 meses. Estava tão ou mais apaixonado por Florença quanto eu. Ganhámos cumplicidade na troca de elogios à cidade. As pontes que só servem para nos unir, as ruas estreitas que nos fazem ficar próximos, as praças que promovem a partilha foram pontos chave na nossa conversa. Quisemos refutar a nossa própria paixão e tornar Florença como todas as outras cidades italianas. Percebemos que o que a distingue é a alma. A alma que nos envolve no momento que lhe tocamos.
Ao longo de horas percorri a cidade junto ao rio Arno e fiquei impressionada com as mistura do moderno e do antigo, um cruzamento feliz e cuidado que poucas cidades conseguem ter. A Ponte de Vecchio é lugar de destaque e ao contrário da ponte da Charles Bridge, em Praga, a Vecchio não impõe a sua presença, dá-nos as boas vindas apenas. O Duomo deixa-nos sem respiração durante alguns minutos, mas é a vista panorâmica na Piazzale Michelangelo que nos prende a Florença para sempre.
Foi também em Florença que vivi um dos wine tasting mais dinâmicos, culturais e didáticos de sempre. A actividade era simples, os interessados em participar compravam um kit num dos pontos de venda, que incluía um copo de vinho e respectivo suporte, um mapa com as bancas disponíveis para experimentar os vinhos e um cartão recarregável. Começava-se com 10 pontos, sendo que os vinhos organizavam-se por 1, 2 ou 3 pontos, consoante a qualidade dos mesmos. Se não me falha a memória, 10 pontos correspondiam a 5 euros. Os pontos das provas de vinhos estavam inseridos em bibliotecas, museus, praças e outros locais de interesse. Nesses pontos podíamos, para além de provar os vinhos italianos, aprender a fazer a famosa pasta italiana, assistir a um concerto de bossanova, música clássica ou até a uma peça de teatro. Absolutamente extraordinário. Dedicámos todo o nosso dia ao wine tasting e até participámos num casamento. Florença é assim, tudo pode acontecer porque as pessoas recebem-nos de braços abertos, a gastronomia abraça-nos e o vinho reconforta-nos.
Agora o mais importante,
Dicas.
(Absorver toda a história possível)
- Galleria Dell’Academia
- Tentar respirar enquanto contemplamos o Nascimento de Vénus de Botticelli.
- Subir à Piazzale Michelangelo (no momento da chegada e na partida)
- Piazza del Duomo – Basílica di Santa Maria del Fiore
- Mercado de San Lorenzo – comprinhas.
- Ponte Vecchio as vezes que quiserem. Passar, parar, contemplar.
- Museus, Museus e Museus. (Museu Casa di Dante, obrigatório!)
E comida?
- Provar a famosíssima Bistecca alla Fiorentina. – É possível encontrar em vários locais, é realmente muito famosa. Para quem não conhece é um bom pedaço de carne chianina muito famosa na zona da Toscana. Aconselho o “Trattoria Mario” – sem reservas e com um fila à porta. É importante ir com tempo. Ou então o Restaurante Il Latini que nos vai servindo pequenas doses de Prosecco enquanto esperamos famintos à porta.
- Papa al pomodoro – imaginem uma sopa de pão, tomate, manjericão, cebola bem regada com azeite. Irresistível.
- Pizzas, pizzas e pizzas
- Gelados artesanais absolutamente extraordinários. O mais difícil é conseguir escolher o sabor.
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