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Florença: Um lugar chamado casa

comida· viagens

30 Set

Não é segredo a minha a paixão pelo país da moda e da pasta. Itália. O italiano é música para os meus ouvidos, a gastronomia ocupa lugar de destaque nas minhas preferências gastronómicas e a beleza d@s italian@s fascina-me. Não sei o que é viver em Itália, e não escondo que viver num país pode destruir-nos o encanto enquanto o olhávamos apenas como turistas.

Sempre que posso visito Itália. Repito cidades ou vou em busca de novos lugares. Quem me conhece sabe que pretendo acabar os meus dias por lá, entre vinhas e campos carregados de flores, entre um farto copo de vinho tinto, quente e carregado e um chá de ervas acabadas de colher pela manhã. Pela casa tropeçaremos em livros e visitas. Mas disso falaremos mais tarde, daqui a uns anos.

Já nos aconteceu a todos sentirmos um conforto de lar num lugar por nós desconhecido. Há também quem tenha muita vontade de visitar uma cidade ou um país e não saiba justificar esse desejo de ir. Comigo aconteceu-me com Florença. Sempre tive particular curiosidade e interesse em visitar a cidade, mas não sabia porquê. Queria ir, mais do que a Veneza, Roma ou Milão. Ao chegar senti-me em plena sintonia com o chão, com as pessoas, com a cidade, com a logística das ruas, com a arte, os cheiros. Sentia os meus pés a ganharem raízes a cada passo que dava. Os outros não me olhavam como turista, porque eu não me sentia como tal. Estava em casa.

Florença é uma cidade quente. Quente na temperatura, quente nas cores. É misteriosa e um livro aberto a quem a quiser ler. Transpira arte, cultura, história. E apreciadora de História como sou, não foi difícil ficar perdida durante horas nos cantos da cidade.

Confesso que tenho alguma dificuldade em passar muitas horas em museus. Para meu próprio desgosto. Há peças que quero ver, momentos que quero absorver, mas estou demasiado habituada (e agarrada) aos livros e às pessoas. Gosto de ouvir histórias e que falem sobre História. Enquanto os meus amigos se perdiam nos corredores imensos da mão cheia de museus presentes em Florença, eu sentava-me em bancos públicos e metia conversa com tudo e todos.

Vista noctura da Piazzale Michelangelo

Durante mais de 40 minutos perdi-me na conversa com o John, um inglês que pretendia viajar pela Europa durante 6 meses. Estava tão ou mais apaixonado por Florença quanto eu. Ganhámos cumplicidade na troca de elogios à cidade. As pontes que só servem para nos unir, as ruas estreitas que nos fazem ficar próximos, as praças que promovem a partilha foram pontos chave na nossa conversa. Quisemos refutar a nossa própria paixão e tornar Florença como todas as outras cidades italianas. Percebemos que o que a distingue é a alma. A alma que nos envolve no momento que lhe tocamos.

Ao longo de horas percorri a cidade junto ao rio Arno e fiquei impressionada com as mistura do moderno e do antigo, um cruzamento feliz e cuidado que poucas cidades conseguem ter. A Ponte de Vecchio é lugar de destaque e ao contrário da ponte da Charles Bridge, em Praga, a Vecchio não impõe a sua presença, dá-nos as boas vindas apenas. O Duomo deixa-nos sem respiração durante alguns minutos, mas é a vista panorâmica na Piazzale Michelangelo que nos prende a Florença para sempre.

Foi também em Florença que vivi um dos wine tasting mais dinâmicos, culturais e didáticos de sempre. A actividade era simples, os interessados em participar compravam um kit num dos pontos de venda, que incluía um copo de vinho e respectivo suporte, um mapa com as bancas disponíveis para experimentar os vinhos e um cartão recarregável. Começava-se com 10 pontos, sendo que os vinhos organizavam-se por 1, 2 ou 3 pontos, consoante a qualidade dos mesmos. Se não me falha a memória, 10 pontos correspondiam a 5 euros. Os pontos das provas de vinhos estavam inseridos em bibliotecas, museus, praças e outros locais de interesse. Nesses pontos podíamos, para além de provar os vinhos italianos, aprender a fazer a famosa pasta italiana, assistir a um concerto de bossanova, música clássica ou até a uma peça de teatro. Absolutamente extraordinário. Dedicámos todo o nosso dia ao wine tasting e até participámos num casamento. Florença é assim, tudo pode acontecer porque as pessoas recebem-nos de braços abertos, a gastronomia abraça-nos e o vinho reconforta-nos.

Agora o mais importante,

Dicas.

(Absorver toda a história possível)

  • Galleria Dell’Academia
  • Tentar respirar enquanto contemplamos o Nascimento de Vénus de Botticelli.
  • Subir à Piazzale Michelangelo (no momento da chegada e na partida)
  • Piazza del Duomo – Basílica di Santa Maria del Fiore
  • Mercado de San Lorenzo – comprinhas.
  • Ponte Vecchio as vezes que quiserem. Passar, parar, contemplar.
  • Museus, Museus e Museus. (Museu Casa di Dante, obrigatório!)

E comida?

  • Provar a famosíssima Bistecca alla Fiorentina. – É possível encontrar em vários locais, é realmente muito famosa. Para quem não conhece é um bom pedaço de carne chianina muito famosa na zona da Toscana. Aconselho o “Trattoria Mario” – sem reservas e com um fila à porta. É importante ir com tempo.  Ou então o Restaurante Il Latini que nos vai servindo pequenas doses de Prosecco enquanto esperamos famintos à porta.
  • Papa al pomodoro – imaginem uma sopa de pão, tomate, manjericão, cebola bem regada com azeite. Irresistível.
  •  Pizzas, pizzas e pizzas
  • Gelados artesanais absolutamente extraordinários. O mais difícil é conseguir escolher o sabor.

 

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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𝙵𝙰𝚁 ✨
[✨ Não é preciso muito, quando se ama tanto. [✨ Não é preciso muito, quando se ama tanto.

Se lhe perguntassem qual era o ingrediente secreto para a felicidade ela soltava a resposta como flecha certeira: é amar. 

Não é o amor. É amar. Que interessa um par de pesos de amor a alguém que não sabe amar? 

Mas o segredo está, dizia ela, em saber amar as coisas pequenas. Amar a vida, mas principalmente as suas partículas minúsculas ! 

A brisa. O sol. E os raios. A chuva e as gotas. As flores. A relva a tocar no pé. O sabor dos alimentos que nascem da terra. A combinação da bateria, do piano, da guitarra. A melodia.  O som das palavras do outro quando nos fala das dores, das conquistas, da lista do supermercado. A gargalhada. E as gargalhadas. Daquele que passa na rua. Do que se senta na mesma mesa. Do que nos abraça. O bater do coração quando fechamos os olhos. Amar o dedo do pé até à ponta do nariz. A pestana, o dente torto, as calças apertadas. Amar. Os pensamentos positivos. Os dias tortos e as ruas direitas. 

Mas, avisou, é preciso saber Amar.  Não se ama porque se quer. Não se ama só dizendo que se ama. Não é fácil amar. Aí não é, não! 

Amar aquilo que nascemos a amar é fácil. Mas isso não é amar. É preciso amar por completo, e isso sim, disse ela, é difícil. 

Porque amar por inteiro implica treino, muita insistência, paciência e resiliência. Obriga-nos aos dias maus. Aos pensamentos destrutivos. Aos ataques de pânico. Para relembramos que a decisão está na palma das nossas mãos. Para nos voltar a colocar ao leme. Ao leme das nossas próprias vidas. 

Amar. Amar o dia seguinte, aquele em que nos levantamos, a medo, mas vamos. Aos tropeções, até voltar ao caminhar seguro. 

Bem, isso sim é saber amar! 

E quando soubermos amar tanto perceberemos que nunca foi preciso muito. Sempre esteve ali, bem guardado dentro de nós. 

A decisão de ser. De ir e fazer. De contrariar. De amar. 

De saber amar. ✨]
[ ✨ Às vezes tendo a exagerar. Gosto de sentir [ ✨ Às vezes tendo a exagerar. Gosto de sentir emoções e tropeço-me entre sentir em cheio ou não sentir. A apatia sempre me aterrorizou. É quando estou lá que tenho a ideia clara e firme de tudo aquilo que não quero sentir. O vazio. 

Seria muito ingrato da minha parte não vos dizer que esta experiência tem sido muito mais enriquecedora do que difícil. De facto, foram muito poucos os momentos que senti dificuldade, tendo até de me esforçar para os lembrar. E só me ocorre um. 

Seria também muito errado dizer-vos que este processo não me acrescentou. Acrescentou muito, mas por ser tão pessoal, tão íntimo, tão meu para mim, é-me impossível explicar-vos. Conseguir sequer escrever sobre isso. 

Vão dizer que outros que por aqui já passaram não sentiram o mesmo. É certo. Vão dizer que foi super fácil. Também certo. Vão dizer que foi um esforço terrível. Certíssimo. A viagem de cada um é exactamente isso, de cada um. 

Da minha parte foi uma decisão consciente. Agarrar em 21 dias em branco e mergulhar em leituras que me fizessem reflectir. Em histórias que me dissessem tudo. Em pessoas que me fizessem vibrar. Em decisões. Das mais sérias às mais vulgares. Decidi colocar tudo aquilo que a vida me permite,  em ordem. Num lugar organizado dentro de mim, da minha cabeça, da minha alma. Tudo o resto, deixei que fossem outros a tratar, que fosse a vida a decidir. 

Neste quarto entraram mil e umas quantas histórias. Nomes, pessoas, risadas e muita, tanta, partilha. A minha agenda chega ao fim destes 21 dias toda rabiscada, entre reuniões via zoom, gravações de conversas e planos, tantos planos para o momento seguinte. O futuro é visto assim, no segundo seguinte. Só esse. 

Já sinto o cheiro da meta. Já consigo visualizar-me a sair, já me coloco no regresso ao trabalho, à secretária e à minha equipa que todos os dias esteve aqui comigo. Já me sinto lá fora, num campo de ténis, num almoço entre amigos e numa passagem de ano fora de horas. 

(Continua 👇🏻 )
[ NOVO EPISÓDIO DO NOSSO LINDO E INSPIRADOR PODCA [ NOVO EPISÓDIO DO NOSSO LINDO E INSPIRADOR PODCAST 

Hoje trago-vos a @psicologa.deborabentocorreia, numa conversa cheia de carinho e sorrisos, sobre confinamento, saúde mental, rotinas e organização. Eu deixei que o meu quarto de clausura se inundasse no brilho do sorriso da Débora, ela, na sua voz doce e cheia de conteúdo, partilhou comigo os melhores comportamentos a assumir perante esta nova realidade. 

Falamos sobre cuidado, cuidar de nós e do outro. De amor próprio. Com desafios à mistura. 

Neste segundo round de confinamento, comecem em grande e em boa companhia.

Ouçam, ouçam. Enquanto cozinham, descansam, exercitam ou tomam banho. O que quiserem. Mas ouçam. Que consigamos todos aprender muito e ser ainda mais. 

✨ 

LINK NA BIO PARA AS DIFERENTES PLATAFORMAS 🎙🤍 ]
[ ✨ Continuo impressionada com a secura da minha [ ✨ Continuo impressionada com a secura da minha pele. Não que me incomode, é um facto, não incomoda. A não ser o nariz. Sinto o desconforto, borrifo água termal quando me lembro e se me dedico muito a senti-lhe a dor, fico chateada com o mundo. 

A verdade é que começo a apresentar sinais de frustração, ainda não percebi bem porquê, mas talvez seja esta recta final, o “está quase” que a minha mente insiste em dizer assim que acordo. 

Ao longo dos últimos dias, vocês, desse lado, questionaram-me muito sobre o número de dias de quarentena. Cheguei mesmo, no início, a escrever sobre isso, explicando que o Governo de Macau assim o decidiu devido, segundo os jornais locais, ao aparecimento da nova estirpe no Reino Unido. 

Lembro-me do dia do anúncio, estava em Portugal, a dois dias de me meter dentro de um avião rumo a Macau, e começaram a pipocar imensas mensagens no meu telemóvel. Eram os meus amigos de cá. “Pipinhas, 21 dias”, “Filipa, estás a ver a conferência?”, “Pipinhas vão aumentar a quarentena”, foram algumas das mensagens que recebi. 

O meu coração disparou, comecei a transpirar das mãos e acreditem, acreditem mesmo, quando vos escrevo que fui invadida por uma raiva que poucas vezes senti. 

Senti raiva de tudo. Da porcaria da pandemia. Do vírus. Dos meses intermináveis de limites, confinamentos, notícias, teorias da conspiração, exageros e desleixo. Depois de descarregar a minha raiva, sentei-me no sofá, abracei quem me acolheu e disse “só estou cansada, mas também quem já fez 14 dias uma vez, faz 21 na boa, né?!”.

Não. Vinte e um dias fechada num quarto de hotel é realmente demasiado tempo. Não é óptimo para descansar. Não é um retiro. Não são férias. É estar trancado num quarto, sem poder abrir a janela, sem ter autorização para colocar um pé no corredor e são quatro – QUATRO – zaragatoas nas narinas. Nunca pensei dizer isto, mas acho que enjoei a frango grelhado.

A determinada altura começamos a questionar se um esforço mental tão grande vale realmente a pena. Entramos numa linha entre não saber se queremos ir lá para fora ou ficar aqui para sempre.

(Continua 👇🏻)
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