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Bali, o vício de ir

destaque· viagens

13 Ago
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Antes de qualquer outra coisa: este não é um texto a definir Bali como a melhor ilha do mundo. Muito longe disso. Bali não foi um “amor à primeira vista”. Nem sei se é amor. Mas que é alguma coisa, disso não tenho dúvidas.

Conhecida como a Ilha dos Deuses, Bali é destino idealizado por quase todos os meus amigos. Mais do que isso, amigos de amigos, família e família de amigos. Quase todos. Grande parte do mundo quer ir a Bali. Sonhando acordado com as suas praias maravilhosas, a vida zen e as tendências vegan e glúten-free que nos chegam através de blogueiros, amigos e revistas de viagens. Eu percebo, mas discordo.

@MarcusLofvenberg

Confesso que Bali nunca me encheu de entusiasmo e, por isso, nunca se tornou destino prioritário nas minhas viagens. Mas um dia teria de ser. Neste texto vamos assumir – como se nos fosse possível – Ubud como parte independente da ilha. Ubud é uma outra coisa. Cidade muito dona de si, que não se mistura. Essência fortíssima. Mas, já tive oportunidade de vos falar da cidade verde aqui.

@Radoslav

Picada do vício

Voltemos a Bali (sem Ubud). A minha primeira impressão não foi simpática. Praias sempre muito cheias, plena Albufeira em época alta. Lojas e mais lojas e outras lojas ao lado de…lojas. Muitos restaurantes atolados de pessoas. As praias em nada se parecem com as fotografias. Areal cheio de gente, água brava – a minha admiração aos surfistas – e lixo. T-A-N-T-O lixo.

Os turistas ocupam cada esquina. Mochileiros aos montes, famílias numerosas ou viajantes solitários. Filas de trânsito, motas em zigue-zague a contornar as longas horas de espera para quem decidiu que contratar um motorista era a melhor decisão. O trânsito é caótico. Tal como vos disse, não foi amor à primeira vista.

No avião, de regresso a casa, sentada ao lado de uma turista brasileira que ia fazer escala a Bangkok, ouvia-a relatar areais de cortar a respiração, águas claras e calmas, praias com espaço. Questionei as minhas opções e fiquei certa de que tinha errado profundamente nas minhas escolhas.

@GuillaumeFlandre

– Foi a sua primeira vez em Bali? – questionei.

– Não amor, já perdi a conta. Bali tem magia, sabe!? – respondeu cheia de certeza e de brilho no olhar.

Na verdade eu não sabia.

@beliaikin

Voltar

Alguns meses depois da minha viagem a Bali, tive uns dias de férias que me pareceram perfeitos para uma escadinha. No entusiasmo das pesquisas dei por mim a equacionar uma nova visita a Bali. Estranhei-me. Para além de ter o hábito – ou pelo menos a intenção – de não repetir locais, Bali continuava a não encher-me as medidas.

Escolhi outro destino. Mas Bali ficou-me na cabeça. E alguns meses depois lá estava eu a ceder à vontade e comprei nova viagem para a Ilha dos Deuses. Os destinos foram outros e a sensação foi a mesma. Trânsito, muita gente, menos do que na primeira, mas ainda assim demasiada, areal de não tirar o fôlego, muitas filas para tudo e mais alguma coisa, lojas e turistas. Mas em momento algum me senti arrependida de ter voltado.

Porque foi aí que percebi a magia de Bali. Não é pela beleza. Não são as praias. Nem, definitivamente, a logística. É a essência da ilha. Da poderosa crença daquele povo em alguma coisa. Alguma coisa extraordinária. É uma magia diferente de todos os outros sítios por onde passei. Bali é ilha que fica dentro do nosso coração. Entra sorrateiramente, em jeito desinteressado. Não causa impacto à primeira vista, não espanta, mas não fica esquecida. Não pelo seu exterior, mas pelo seu interior.

Na sua confusão Bali acalma-nos o peito. As dores serenam, as dúvidas apaziguam-se, porque ali reorganizamo-nos. Definimos prioridades. É a sua energia que o faz. A crença de uma vida feliz, rodeados de gentes que sorriem com o coração.

É o respeito que se sente nas ruas a algo superior, a uma força que nos guia, à vontade de viver e ser feliz, a algo extraordinariamente bom. É o ensinamento de que não se vê com os olhos, não se sente com as mãos. É o sexto sentido. Bali é sexto sentido. É energia. Da boa!

Por ser assim, imaterial. É a energia que vem da natureza, das raízes ao centro do nosso ser. É a energia de uns para outros e, mais importante do que isso, de nós para nós. Mesmo para os descrentes. Para os que vivem dentro de uma caixa que nos limita a visão. Turva os sentidos.

Bali é magia. Portanto, sempre que me sinto à deriva, quando quero desligar e respirar, não mais estranho quando a casa dos deuses me surge no pensamento. Como se me chamasse. Como se me dissesse “podes voltar a casa”.

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2 Comments

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Comments

  1. Eliana Almeida says

    Outubro 9, 2019 at 2:06 pm

    Que escrita fantástica transparente
    Eliana
    Águeda

    Responder
    • filipa says

      Outubro 16, 2019 at 3:38 am

      Obrigada 🙂 Que bom ler isto!

      Responder

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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