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Da janela do meu quarto 12/21

Da janela do meu quarto· destaque· Quarentena

8 Jan
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Muito embora esteja aqui trancada, não estou fechada ao mundo. E nessa abertura, conheci uma nova pessoa. Tínhamos trocado umas mensagens na conta do FAR, e hoje, através dos nossos projectos pessoais, estivemos à conversa, numa chamada de vídeo, durante duas inteiras e gordas horas. 

Voltei a sentar-me no chão, junto à porta e estive ali a ouvir e a partilhar. A acrescentar-me com tanto que aquilo que o outro é, a dar um pedacinho de mim. Ela, do outro lado, falava-me das ondas que, de vez em quando, nos batem na cara e nos fazem bater no fundo. Conversámos sobre luta e perseverança. Sobre quietude, escolhas e a nossa verdade. 

Em algum momento da sua vida, a minha mãe ter-me-á ensinado a viver a minha verdade. A minha mãe é das pessoas mais bondosas que conheço. E eu sei que nós dizemos sempre isto das nossas mães. Mas acreditem em mim, a minha mãe ensinou-me a nunca perder a esperança no outro e no mundo. A acreditar que, mesmo que eu não compreenda, em algum momento, tudo o que foi fará sentido. Tudo o que é, fará sentido. Que todos nós faremos sentido. 

Ensinou-me também que nos comunicamos de forma diferente, para minha dificuldade. E faz-me sempre questionar se tudo o que fiz, foi o melhor que conseguia fazer. Da melhor forma possível. Respeitando a minha verdade. Se isso, em adolescente, nas dificuldades de crescimento, fez de mim alguém refilona e nunca satisfeita, hoje, mais crescida, faz de mim alguém consciente e atenta. Na maioria das vezes. 

Ao décimo segundo dia o meu coração foi atingido, durante um momento morto, por uma frustração e irritabilidade profundas. Durante 10 minutos pensei em ir embora. Trinquei o lábio de forma nervosa e mexi tanto no cabelo, que me fez doer o pescoço. Hoje, nesse momento morto, senti-me morta. Aborrecida. Exausta. Sem rumo.

O estômago doeu de nervoso e a inquietude invadiu-me o ser. Questionei-me sobre todos aqueles que estão nos outros quartos. O que estarão a sentir. Quando estamos em negação, à beira de um ataque de nervos, questionamos tudo. Todas as nossas escolhas, todas as nossas decisões. Revemos o caminho vezes sem conta. Aquele que nos trouxe até aqui, ao agora. 

Nesse exercício mental percebi que, todos nós, vamos sendo tudo aquilo que sabemos ser, o melhor que conseguimos, da forma que conseguimos. Única e exclusivamente, com aquilo que temos. E que isso basta para termos todo o mérito possível.

Percebi que não existe outro sítio onde eu deveria estar, porque o aqui é resultado de todas essas escolhas, decisões e curvas feitas de coração. Percebi também que em algum momento toda esta privação me será benéfica, se é que já não começou a ser. 

Na verdade, escrever-vos, porque há muito que já não é só para mim que escrevo, tem-se mostrado a melhor terapia possível, o exercício de me manter sã e a escolha do lado certo. Escrever-vos tornou-se o meu momento mais vulnerável, mais sublime e mais apaixonante. A minha verdade.

Escrever-vos, tornou-se o meu maior farol. E, por isso, o meu obrigada. 

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1 Comment

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Comments

  1. FiliPita Ramos says

    Janeiro 8, 2021 at 10:01 pm

    Simplesmente maravilhoso, minha querida! ❤️ Tu é que és o nosso farol, a luz que ilumina os nossos dias e que nos aquece o coração! ❤️ ✨
    É pura magia ler-te! ❤️

    Responder

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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