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Da janela do meu quarto 15/21

Da janela do meu quarto· destaque· Quarentena

11 Jan
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O corpo começa a dar sinais de que está há demasiado tempo fechado. Embora me mantenha activa, entre exercícios de yoga e alongamentos, a pele está seca. Sequíssima. 

Estas bochechas gordas que me ocupam a cara gritam por misericórdia. Hoje, a rir-me numa das muitas chamadas de vídeo que mantenho por dia, rasguei um pedacinho de pele. Não há creme gordo, hiper hidratante ou litros de água bebidos que me safem. O corpo acusa a falta de ar natural e o excesso de ar condicionado que desde dia 27 de dezembro não tem descanso. 

O estômago começa a enjoar. Já nem é da comida, é do processo para ter comida quente, do cheiro a arroz branco a entrar-me pelo quarto e os talheres lavados no lavatório. 

Comentava hoje com uma amiga que na arte do desenrasque os portugueses são os melhores. É que vejamos, o meu lavatório serve para a sua função principal, claro, para lavar roupa, para lavar loiça e ainda para aquecer comida recorrendo a um improviso de banho maria. Nisto ninguém nos bate. 

Também ninguém nos ultrapassa na simpatia. Foi isso mesmo que o Gan me disse hoje. Contava-me ele que mudou a hora de medir a temperatura porque a menina portuguesa do 708 estava de jet lag. Senti-me importante. Ele explicou que todos os portugueses que conheceu em Macau “são assim, super simpáticos e calorosos, tratando bem os outros”, insistindo “mesmo os que não conhecem”. Rematou de forma perfeita, “perguntam sempre se está tudo bem e se podem ajudar”. 

Português que é português adora ouvir falar do seu povo. E, se houver espaço, carrega ainda mais. “Somos assim, Gan, muito trabalhadores e gostamos de aproveitar a vida, boa comida, bom tempo. Somos boas pessoas, gostamos de pessoas.”

Felizmente tive a sorte e privilégio de poder visitar alguns países. Em quase todos fui muito bem recebida, noutros nem tanto, faz parte da experiência. Mas quanto mais viajo melhor percebo que somos um povo bonito de se ver, mas principalmente de se conhecer.

O português é simpatico de essência. E a nossa simpatia e à vontade são coisas mui raras neste mundo maluco. Permitam-me a generosidade misturada com exagero, mas ninguém sabe receber como nós, de braços e peito aberto, como quem já convida para entrar em casa, sentar na mesa e, claro, comer e beber. Gostamos de partilhar e fazemos perguntas. Temos sede de saber. E de todos os sítios onde já fui, ninguém é tão disponível e esforçado quanto nós para ajudar alguém. Somos assim, simpáticos de nascença e prestáveis de coração. 

Talvez seja a ironia da vida, quanto mais longe vou, mais rápido quero regressar. 

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1 Comment

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Comments

  1. Pat says

    Janeiro 11, 2021 at 9:52 pm

    Amei o texto

    Responder

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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FAR por Filipa do Canto Araújo
[ Às vezes, às quintas-feiras, uma associação [ Às vezes, às quintas-feiras, uma associação aveirense, cujo o nome a minha memória não me permite lembrar, organizava umas palestras. Os temas eram lançados mensalmente, nunca sabíamos o que esperar, mas uma coisa era certa, eram sempre sobre desenvolvimento humano, sobre saúde emocional, mental, sobre aceitação, empatia e outras coisas que nos permitem desenvolver como seres humanos, vizinhos, familiares e amigos. 

Não ia sempre, mas em quase todas as que fui aprendi sempre coisas novas. Numa dessas visitas, o tema era a homossexualidade e a sua aceitação num plano social. Nunca foi uma questão para mim, nunca. A sexualidade alheia pouco me interessava, uma vez que acredito num amor pleno e isso transcende géneros. Amor é amor. 

Cresci com casais homossexuais no nosso ciclo de amigos, cresci a saber que amigos muito próximos eram mais felizes com pessoas do mesmo género e nunca achei que isso merecesse o meu questionamento. Estava errada, e aprendi nesse dia, nessa palestra o quão errada estava.

A Sónia, uma miúda de quase 30 anos, pediu a palavra naquele dia. Olhei-a pela primeira vez quando ouvi a voz dela perguntar “posso fazer uma pergunta?” ao palestrante. Tinha um casaco azul escuro e lembro-me de pensar que a sala estava demasiado fria, era preciso gostar de estar ali para aguentarmos aquele frio. Olhei-a com mais atenção. Estava de pernas cruzadas e com o corpo inclinado para uma mulher da mesma idade. Pousava-lhe a sua mão esquerda sobre a mão direita. E quando começou a falar as duas mãos apertaram-se em força. Arrepiei-me. 

Continua 👇👉
[ Não conseguiria conceber a vida se não fosse [ Não conseguiria conceber a vida se não fosse permitido ao ser humano evoluir. A teoria de que “ninguém muda” é difícil de acreditar. Que sentido faria vivermos se não nos transformássemos a cada momento? O que seria das experiências adquiridas, dos conhecimentos retidos, das lições duras de aprender e das provas de amor? Que valor teriam? Nenhum? ✨
Somos capazes de mudar, de aprender e, principalmente, de nos transformar. Temos esse dom. É a evolução e a transformação de cada um de nós que nos permite ir mais além, conquistar, batalhar ou simplesmente decidir quando é tempo de parar. Poder decidir quem queremos ser é um privilégio. É a esperança que nunca morre. Porque a qualquer hora, a qualquer momento podemos fechar os olhos e dizer “eu quero ser mais”. ✨
É nessa vontade interior, nesse acreditar, que somos capazes de mudar o mundo. ✨ ]
[ OBRIGADA 💙💛 ] [ OBRIGADA 💙💛 ]
[ Simples assim. Gosta de ti. Gosta de ti como de [ Simples assim. Gosta de ti. Gosta de ti como de quem amas. Trata de ti como tratas quem mais amas. Gosta de ti. Muito. Melhora-te a ti. Cuida de ti. Cuida-te bem, com carinho, com amor, com toda a atenção que mereces. Mereces esse tempo de pausa. Mereces evoluir. Mereces sempre mais. Escolhe-te a ti. Faz por ti. E tudo o resto será ♥️ ]

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