A comida italiana está um pouco por toda a parte. Seja em que país for, lá encontraremos a pizza ou a famosa pasta. É um fenómeno. A qualidade é inegável. Talvez seja por isso que faça tanto sucesso. É fácil gostar de comida italiana.
No entanto, não posso negar, que o meu coração rebenta só de pensar em comida portuguesa. Não é só a comida portuguesa…é a forma como os portugueses cozinham. Como conjugamos os ingredientes, misturamos sabores, criamos outros tantos. São os ingredientes certos. A dose certa…bem, a dose eu já não sei é a certa. Temos no sangue a partilha. E quanto mais houver, melhor.
A forma como amassamos o pão, como nos deliciamos com a manteiga a derreter quando o pão vem quentinho até às nossas mãos. É o nosso queijo da serra. Aquele cheiro insuportável que nos faz crescer água na boa. As nossas batatas, os pregos no pão e no prato, são os nossos legumes, as sopas pesadas. É a nossa canja de galinha. As nossas carnes, sejam cozidas, grelhadas, estufadas, entaladas… É o nosso marisco que sabe a mergulhos no Algarve, ao sal de Aveiro e à frescura de Viana.
Em Portugal come-se bem. Muito bem. Derreto-me só de pensar no nosso azeite. A fruta é saborosa, os legumes são macios e espalham sabor sem estragar o resultado final. Há qualquer coisa na nossa gastronomia que a torna das melhores do mundo. Não tenho qualquer dúvida.

©2018 Cervejaria Ramiro (website)
Mais olhos do que barriga
Como emigrante orgulhosa, são muitas as vezes que digo “epah, tenho tantas saudades de uns percebes” ou “comia agora um caldo verde”. E as nossas natas dos céu? E os pastéis de nata?
Posto isto, semanas antes – quem sabe meses, não me julguem – da minha visita à família faço uma lista mental de tudo o que quero provar. Se for na altura da páscoa o folar não pode faltar, mas a bola de carne transmontana também não. No Natal, bem já se sabe. É o maior dos pecados. Gula. Gula. Gula. Sinto até que o meu nome muda de Filipa para Gula. Gula Araújo.
Atenta às novidades gastronómicas de Portugal, vou vendo quais os restaurantes que estão a fazer sucesso nas cidades por onde vou estar. Lisboa, Porto e Aveiro encabeçam a lista. Desta vez, serão os hambúrgueres? Ou o sushi? As tapas também fazem sucesso.

©2018 Cervejaria Ramiro (website)
Bom filho, a casa…
No entanto, embora adore provar novos sítios, novos paladares e diferentes chefes, não nego que são as “casas” de sempre que me enchem as medidas. A primeira paragem, sem segundos pensamentos ou dúvidas, é, claro está, a Cervejaria Ramiro, o número 1 da Almirante Reis.
O Ramiro é tudo o que um bom apreciador de comida quer. Tem o melhor marisco que já comi na vida. Sejam percebes, camarões, a famosa gamba tigre, o lavagante. E nem sequer vamos falar do carabineiro, com aquele molho fa-bu-lo-so.
No meio disto tudo está o pão carregado de manteiga, pronto para ser mergulhado em qualquer molho que esteja à sua frente e devorado por nós. É só mais uma dose de pão, por favor. No fim disto tudo, e porque o dia vai longo, é pedir um prego no pão e agora sim, podemos dizer que chegámos a casa.
Não há nenhum outro restaurante que sirva como serve o Ramiro. Se houver, por favor, convidem-me. A sala de baixo é barulhenta, bem ao jeito de uma casa de família em dia de festa. Lá em cima, as salas já nos parecem mais os almoços de domingo em casa dos avós. Meio sério, meio descontraído.
No Ramiro há espaço para tudo e para todos. Desde os funcionários com 20 anos de casa, como as mais recém aquisições. O Ramiro sabe-me a casa. Sabe-me à família, aos amigos, à cerveja e ao marisco. Sabe-me à costa portuguesa, às minhas férias de verão. Sabe-me a dias felizes. A reencontros e a saudade. Sabe-me a felicidade servida no prato.
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