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Segundas oportunidades

amor· destaque

4 Abr
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Embora com raízes católicas, as últimas gerações da minha família pouco ou nada estão ligadas ao catolicismo. São mais os que questionam tudo, do que os que acreditam nas mensagens transmitidas pela igreja católica. 

No entanto, tenho clara em mim, a lembrança de vários dias de Páscoa passados em família. A visita do padre a nossa casa para beijarmos cristo na cruz sempre me fez bastante confusão. A minha mãe falava-me em respeito e tradição, mas eu sabia que nem ela ia à bola com o todo aquele aparato. A minha mãe sempre foi de relva nos pés, olhar no céu e força no acreditar. 

Um dia, perto da Páscoa e com menos de um metro e meio, enchi-me de coragem e confrontei-a com as minhas vontades. Ou, neste caso, não vontades. Eu não queria voltar a beijar uma cruz, não queria mais frequentar uma catequese que não respondia às minhas questões e muito menos voltar a entrar numa igreja. Tudo aquilo era óbvio para mim, eu nunca pertencera àquele mundo. Vivia em contra movimento, sentia-me frustrada e obrigada a aceitar uma corrente que eu nunca quis. 

Atenta, a progenitora sorriu e em jeito de investigação perguntou-me “mas antes de desistires, sabes o que representa a Páscoa?”. Eu não sabia. Repeti uma história de arrepiar, ferimentos, crucificados e Cristo que ressuscitou. Ela voltou a rir e fez aquele ar de quem tem uma história para contar. 

“Filhota, sabes o que são segundas oportunidades?”. 

A minha mãe sabe o que faz. Ela conhece tudo aquilo em que acredito. Essa força motriz que me faz viver. As segundas oportunidades, o recomeçar, o renascer, o voltar a tentar, o perdão, a lição aprendida e o amor. Ela ensinou-me que mais do que histórias com diferentes nomes e em correntes opostas, messias variados e pormenores trocados, a mais profunda religião que trazemos ao peito chama-se AMOR. 

Naquele dia a história da Páscoa ganhou significado, ganhou peso e importância, fez-me sentido, como todas as histórias de amor o fazem. Naquele dia a minha mãe ensinou-me que todos procuramos o mesmo, fé e esperança em alguma coisa mágica. Que todos procuramos e desejamos que o amanhã seja melhor, que de lá venha a luz, o caminho e a paz. Que todos procuramos segundas oportunidades. Que todos procuramos acreditar que o amor sempre vencerá e nunca morrerá.

Hoje, muitos anos depois desse dia em que desisti da corrente católica, no dia de Páscoa, durante uma cerimónia de iniciação ao yoga, pediram-nos para apresentar as nossas orações. Nesse momento o mestre olhou para mim, tocou-me nas mãos e olhos nos olhos disse-me: Fei, ora com o coração e todos os teus sentidos, pede não por ti mas por todos, ora a quem quiseres, ao que quiseres, não tem de ter um nome, não precisa de ter, ou dá-lhe o nome que quiseres, porque eu e tu sabemos que o que de mais divino existe é o amor e, disso, nunca duvides. E ali, eu soube que estava o meu lugar.

Feliz Páscoa

Feliz recomeçar
Feliz renovação
Feliz segunda oportunidade. 

Feliz. 

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Não sei se o azul combina com o vermelho ou se este ano os corsários estão na moda. Não decoro nomes, mas memorizo caras. Embora depois confunda tudo…

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FAR por Filipa do Canto Araújo
[ Às vezes, às quintas-feiras, uma associação [ Às vezes, às quintas-feiras, uma associação aveirense, cujo o nome a minha memória não me permite lembrar, organizava umas palestras. Os temas eram lançados mensalmente, nunca sabíamos o que esperar, mas uma coisa era certa, eram sempre sobre desenvolvimento humano, sobre saúde emocional, mental, sobre aceitação, empatia e outras coisas que nos permitem desenvolver como seres humanos, vizinhos, familiares e amigos. 

Não ia sempre, mas em quase todas as que fui aprendi sempre coisas novas. Numa dessas visitas, o tema era a homossexualidade e a sua aceitação num plano social. Nunca foi uma questão para mim, nunca. A sexualidade alheia pouco me interessava, uma vez que acredito num amor pleno e isso transcende géneros. Amor é amor. 

Cresci com casais homossexuais no nosso ciclo de amigos, cresci a saber que amigos muito próximos eram mais felizes com pessoas do mesmo género e nunca achei que isso merecesse o meu questionamento. Estava errada, e aprendi nesse dia, nessa palestra o quão errada estava.

A Sónia, uma miúda de quase 30 anos, pediu a palavra naquele dia. Olhei-a pela primeira vez quando ouvi a voz dela perguntar “posso fazer uma pergunta?” ao palestrante. Tinha um casaco azul escuro e lembro-me de pensar que a sala estava demasiado fria, era preciso gostar de estar ali para aguentarmos aquele frio. Olhei-a com mais atenção. Estava de pernas cruzadas e com o corpo inclinado para uma mulher da mesma idade. Pousava-lhe a sua mão esquerda sobre a mão direita. E quando começou a falar as duas mãos apertaram-se em força. Arrepiei-me. 

Continua 👇👉
[ Não conseguiria conceber a vida se não fosse [ Não conseguiria conceber a vida se não fosse permitido ao ser humano evoluir. A teoria de que “ninguém muda” é difícil de acreditar. Que sentido faria vivermos se não nos transformássemos a cada momento? O que seria das experiências adquiridas, dos conhecimentos retidos, das lições duras de aprender e das provas de amor? Que valor teriam? Nenhum? ✨
Somos capazes de mudar, de aprender e, principalmente, de nos transformar. Temos esse dom. É a evolução e a transformação de cada um de nós que nos permite ir mais além, conquistar, batalhar ou simplesmente decidir quando é tempo de parar. Poder decidir quem queremos ser é um privilégio. É a esperança que nunca morre. Porque a qualquer hora, a qualquer momento podemos fechar os olhos e dizer “eu quero ser mais”. ✨
É nessa vontade interior, nesse acreditar, que somos capazes de mudar o mundo. ✨ ]
[ OBRIGADA 💙💛 ] [ OBRIGADA 💙💛 ]
[ Simples assim. Gosta de ti. Gosta de ti como de [ Simples assim. Gosta de ti. Gosta de ti como de quem amas. Trata de ti como tratas quem mais amas. Gosta de ti. Muito. Melhora-te a ti. Cuida de ti. Cuida-te bem, com carinho, com amor, com toda a atenção que mereces. Mereces esse tempo de pausa. Mereces evoluir. Mereces sempre mais. Escolhe-te a ti. Faz por ti. E tudo o resto será ♥️ ]

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